quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Arquitetura Popular pelo mundo

Olá amiguinhas!!!
Eu sumo, mas não desapareço!
Na verdade eu estava era sem temas mesmo para posts

Talvez vocês não saibam, mas eu tenho verdadeira atração por arquitetura popular. Sabe aquela vontade de fazer algo por aqueles que realmente precisam? Pois é...
Não que eu não ADORE fazer/ver/conhecer projetos gigantescos, com orçamentos astronômicos. Meu objetivo de vida, na verdade, é morar num projeto desses se é que vocês me entendem.

Pra ser sincera, essas sãos as duas paixões que dividem o coraçãozinho desta arquiteta que vos fala: Arquitetura residencial (de alto padrão) e Arquitetura Social.

E a Arquitetura Social em todos os seus âmbitos. Tanto pra população de baixa renda (principalmente a habitação, que inclusive foi o tema do TCC, que um dia até posso postar aqui), quanto para os usuários em geral (escolas, postos de saúde, centros comunitários, praças, parques...)

E qual não foi a minha surpresa em descobrir uma matéria do New York Times (siiim aquele jornal famosíssimo!) falando sobre Habitação de Interesse Popular.
A reportagem fala sobre a exposição “Pequena Escala, Grande Mudança”, inaugurada no dia 3 de outubro, no MoMA - Museum of Modern Art, em Nova York, que conta com 11 projetos populares, entre eles um dos nossos vizinhos chilenos (eles apareceram no meu TCC também): A Quinta Monroy do Grupo Elemental.


Vou deixar aqui com vocês a tradução na matéria e algumas imagens que fazem parte da exposição. ENJOY IT!

A arquitetura está redescobrindo sua consciência social. Esta é a mensagem por trás da exposição “Pequena Escala, Grande Mudança: Novas Arquiteturas de Engajamento Social” (“Small Scale, Big Change: New Architectures of Social Engagement”), em exibição no MoMA - Museu de Arte Moderna.

A mostra, que apresenta 11 projetos ao redor do mundo que tiveram grandes impactos sociais apesar dos modestos orçamentos e tamanhos, é uma réplica da reclamação familiar de que a profissão é muito mais focada na experimentação estética do que na vida das pessoas comuns. Não por acaso, isto também faz parte de uma mudança da filosofia do departamento de arquitetura e design do museu, que, por mais de oito décadas, desde sua fundação por Philip Johnson, defendeu os méritos artísticos da arquitetura sobre o seu valor social.

Dito isto, a grande surpresa desta mostra é que muitos dos projetos são realmente bons. Organizado por Andres Lepik e Margot Weller, a exibição argumenta, com exemplos, que é possível criar um trabalho, ao mesmo tempo, edificante socialmente e convincente arquitetonicamente. Esta é uma noção que dominou o pensamento arquitetônico por boa parte da primeira metade do século XX, mas que aparenta estar fora do alcance nos dias de hoje, particularmente em Nova Iorque, o que é chocante.

A exposição abre com uma sutil e clara mensagem política. Uma parede na primeira galeria é dominada por uma grande fotografia de uma escola primária feita de tijolos de barro sombreada por um aglomerado de árvores, em um terreno árido na Burquina Faso. Criado por Diébédo Francis Kéré e concluído em 2001, é um prédio atraente, com teto de vigas de madeira que têm a leveza de uma copa. Mas, a primeira impressão é de alguma coisa próxima ao clichê da arquitetura comprometida socialmente.

Logo após, à direita, está uma foto do complexo Inner-City Arts Michael Maltzan, uma habitação com programa de artes para crianças, cujos brilhantes ângulos brancos aparentam ser minúsculos no vasto espaço de armazéns abandonados e antigos quartinhos de Skid Row, em Los Angeles. Uma rua larga esculpida em linha reta vai até o centro da imagem, antes do ponto final, nos prédios corporativos, museus e casas de concerto do centro de Bunker Hill, uma metáfora gráfica para a distância instransponível que, muitas vezes, separa os ricos dos pobres.

A justaposição entre as duas imagens – uma em um vilarejo africano obscuro e outra, a milhas, na acrópole cultural de Los Angeles – sublinha um dos temas centrais da mostra: o potencial que a arquitetura tem como agente de cura social, não restrita ao mundo desenvolvido.

Um dos projetos mais pensativo e com potencial de longo alcance é a renovação quase completa da torre de apartamentos modernista de baixa renda de Frédéric Druot, Lacaton Anne e Jean Philippe Vassal. A torre é parte do anel denso de uso comum desenvolvido no pós-guerra para os moradores pobres e da classe trabalhadora em torno do centro histórico de Paris que, periodicamente, irrompem em violência racial. Um vídeo mostra a obra de tijolos monoliticos, com fileiras de janelas idênticas.

Ao invés de demoli-la, os arquitetos dividiram a torre, um andar por vez. Fachadas foram arrancadas e substituídas por janelas, do chão ao teto, e varandas verdes pré-fabricadas. As paredes internas foram arrancadas para criar mais áreas abertas.

A abordagem de cortar-e-colar foi parte de uma estratégia cuidadosamente considerada: a renovação do edifício; um piso de cada vez; e os arquitetos evitarem a ruptura social, causada geralmente por uma demolição. E isso reflete uma atenção aos custos ecológicos de reconstruir do zero.

Mas também havia um significado simbólico: o ato de roubar as fachadas é uma reação contra a nossa tendência de manter os pobres e seus problemas escondidos. As varandas são um meio visível de remar contra a maré dos custos do espaço urbano.

Um projeto ainda mais animador é o Urban Think-Tank’s Metro Cable em Caracas, na Venezuela, que abriu este ano. Ele começou como um esforço para chegar a um acordo com o extremo isolamento de um dos bairros mais famosos da cidade. Construído sobre uma encosta íngreme e cortado da cidade por uma rodovia, a área é um labirinto quase impenetrável de casas mal-planejadas, feitas de blocos de concreto, tijolos, madeira e metal.

Vários anos atrás, o governo sugeriu arrumar as ruas no caminho do gueto, que têm milhares de desabrigados. A proposta Urban Think-Tank’s, que acabou por ser abraçada pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, foi a discussão de um sistema de bondinho com o tecido existente do bairro.

A beleza desta abordagem é fácil de se perder. O primeiro e mais óbvio motivo: apenas algumas casas teriam de ser demolidas para ligar um bairro praticamente inacessível ao centro da cidade, onde muitos de seus habitantes trabalham. Mas, além disso, o bairro serviria de estacionamento gratuito, preservando uma de suas poucas qualidades positivas urbana. E as estações do bondinho poderiam tornar-se espaços para programas públicos (O primeiro a ser construído vai incluir um centro de recreação).

Esse apreço pelo valor da vida tal como é vivida nas comunidades já existentes, não importando quão pobre ou abandonada ela é, é evidente por toda a exposição. O projeto de Alejandro Aravena, de 2005,  de um bloco de habitação em um bairro de colonizadores no norte do Chile foi concebido como uma estrutura padronizada de concreto que os inquilinos (com a ajuda de subsídios do governo) poderão então compor da melhor forma: paredes, portas, encanamentos – até mesmo as fachadas dos apartamentos. Assim, o projeto exterior da casa torna-se uma obra viva, com diversas origens, de acordo com gostos, estilos e desejos. Na mesma linha de alta densidade, está a organização do complexo Estudio Teddy Cruz, de apartamentos baixos, em San Ysidro, na Califórnia. Em obras desde 2001, ele é inspirado no tipo de habitação que cresceu ao longo da fronteira de Tijuana.

Além dos 11 projetos em exibição, os curadores encontraram cerca de uma dúzia de outros que seriam dignos de inclusão, disseram eles, durante os dois anos de pesquisa. Em todo o mundo. Esse é um número insuficiente dada a dimensão dos problemas de que estamos falando, principalmente por causa de entidades filantrópicas e governos que ainda tendem a ser cautelosos com esse tipo de investimento. Mesmo que a consciência dos arquitetos esteja evoluindo, vai ser preciso mais do que arquitetos conscientes para que as coisas mudem.

“Pequena Escala, Grande Mudança: Novas Arquiteturas de Engajamento Social” (“Small Scale, Big Change: New Architectures of Social Engagement”) continua em exposição até 3 de janeiro no MoMA – Museu de Arte Moderna. Telefone: 212.708.9400, moma.org.






E então?!
É ou não é um bom modo de arquitetos do mundo todo colaborarem com a melhoria da qualidade da população?

Eu quero, um dia, poder fazer a diferença na vida de uma pessoa através do meu trabalho. Você não?